12/23/2011

Luigi Pareyson: Os Problemas da Estética






Luigi Pareyson
(Piasco, província de Cuneo,1918 — Rapallo, província de Génova, 1991) foi um dos maiores filósofos italianos do século XX.

Desde muito cedo, Pareyson demonstrou grande apetência para a reflexão e a escrita filosófica. Concluiu sua licenciatura em 1939 na Universidade de Turim, sob orientação de Augusto Guzzo, com a tese "Karl Jaspers e a Filosofia da Existência".

Ao longo da sua vida, destacou-se também por sua atividade política. Participou na resistência antifascista italiana e integrou o Partito d'Azione.

Lecionou na Universidade de Turim e na Universidad Nacional de Cuyo, em Mendoza, Argentina.

Alguns de seus alunos se tornaram famosos, como Gianni Vattimo, Umberto Eco e Mario Perniola.

A obra de Pareyson está ligada à Filosofia da Existência, à Hermenêutica, à Filosofia da Religião e à Estética. Foi também um importante crítico do Idealismo Alemão (Fichte, 1950; Schelling, 1975).

A reflexão de Pareyson esforça-se por não desembocar nem no pessimismo, comumente associado ao existencialismo, nem tão pouco em um optimismo. Estas são apenas categorias psicológicas que encobrem o fundo e as implicações ontológicas da situação de cada homem no mundo. Por isso, o próprio Pareyson categorizou a fase inicial do seu pensamento como um "existencialismo personalista" ou "personalismo ontológico".

Estética e Filosofia da Arte

Também as suas idéias estéticas se desenvolvem a partir da Hermenêutica e do conceito de interpretação. Segundo Pareyson, a obra de arte é um objeto "em construção", já que desde o seu início, mesmo antes de tomar forma física e existindo apenas enquanto vontade "informe" de criação, ela já entra em um processo interpretativo por parte do artista. Essa interpretação continua em todos os estádios da sua existência e da sua permanência no mundo, defronte a cada ser humano que entre em contacto com a obra. A obra define-se exatamente nessa presença em face a uma interpretação. Quando a obra não é pensada, relacionada, discutida, ela deixa de ser obra. Assim, Pareyson define a sua Estética como um "teoria da formatividade". A obra está em permanente "formação".

Livro: OS PROBLEMAS DA ESTÉTICA

Em Arte nunca foi fácil definir o conceito da estética. O livro publicado pela editora Martins Fontes traz a reflexão do significado da estética.

Pareyson afirma que não se pode fazer grandes avanços partindo do estudo da palavra estética, adotado no século XVIII, pela influência do romantismo alemão que evidencia a relação entre o belo e o sentimento.

Com o surgimento da arte moderna, onde o belo, não era mais objeto da arte e sim no resultado da arte trouxe a reflexão do papel que a estética desenvolve sobre o expressar.

A maneira com que Pareyson desenvolve o assunto nos traz um claro entendimento de questões que costumam promover diversas dúvidas, principalmente ao discutir a natureza e o caráter da estética, que, para ele, trata-se de uma reflexão filosófica ou reflexão empírica, mostrando que a filosofia não traz normas mas raciocínios que surgem da estética.

O autor também aponta dois caminhos diferentes, porém convergentes para se chegar à questão da estética: o primeiro por meio do filósofo que dedica seu pensamento à arte, e o segundo investigando a própria arte. Portanto, quando da experiência concreta com a arte surge uma consciência crítica sobre a própria atividade artística, desde que os dois caminhos passem por examinar a própria obra de arte em si mesma e por um aprofundamento especulativo, como é mais da especificidade da estética.

Relaciona: conteúdo e forma nascem inseparáveis: o conteúdo nasce no próprio ato que nasce a forma e a forma não é mas que expressão acabada do conteúdo.

Apesar de a obra de arte ser, como enfatiza o pensador, uma obra que aceita valer só como forma - e é essa a sua especificidade - no entanto ele faz notar que ela não se reduz a ser apenas forma, mas é, ao mesmo tempo, uma forma e um mundo.

A forma é o resultado da formação de uma matéria, matéria formada, e o conteúdo é o modo de formar aquela matéria, o que significa carregar as inflexões formais de sentidos, conferindo a função e a capacidade de exprimir e de significar a todos os aspectos da obra. Já não se trata só de inseparabilidade de forma e conteúdo, mas, verdadeiramente, de identidade, pois a própria matéria formada é conteúdo expresso.

Como modo de formar do artista é sua própria espiritualidade, traduzida em termos operativos e tornada gesto do fazer, assim não é mais possível separar a consideração dos valores formais da consideração do significado espiritual e vice-versa.

O artista não tem outro modo de exprimir senão o produzir e não diz senão fazendo.

A estética abre a discussão sobre a relação do leitor com a obra, para alcançar por meio da experiência estética conclusões teóricas universais.

Indubitavelmente, a estética não está preocupada com uma obra específica, mas sim com um conjunto de obras que permitam ao teórico criar teorias.

Para Luigi Pareyson, estética e teoria da arte também são distintas, uma vez que a teoria desenvolve normas e regras para a arte.

O autor esclarece a diferença entre crítica e poética ao mencionar que a "poética diz respeito à obra por fazer e a crítica avalia a obra feita: a primeira tem atarefa de regular a produção da arte, e a crítica a de avaliar a obra de arte".

O teórico, de forma didática, sem perda do rigor de sua análise, apresenta-nos uma reflexão complexa e instigante, que traz com justeza informações relevantes sobre os elementos da poética, da crítica e da estética de uma obra de arte, ao mesmo tempo, caracterizando-as na sua especificidade.

Conclusão

Apesar de complexo o autor trouxe reflexões importantes sobre a estética, o quanto se destinge de todas áreas. Mostrou que a estética vai mais fundo e mais além, pois pela sua natureza especulativa (daí ser identificada a filosofia), se propõe a chegar a conclusões mais universais sobre a arte.

Bibliografia
WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Luigi Pareyson.
Em:< http://pt.wikipedia.org/wiki/Luigi_Pareyson> Acesso em 29 de outubro de 2011.


12/19/2011

Eu recomendo: Peça Teatral: O Vaso Vazio


Neste sábado 17/12, fui ao SESC assistir uma peça de teatro ‘O Vaso vazio” de Abigail Tatit e Marcelo Pessoa.
Trilha sonora: Jonas Tatit,
Figurinos: Isabela Teles,
Iluminação Lira Ali,
Canção Paulo e Zé Tatit.

A criação coletiva do Grupo DeLivre DeLírios, é inspirada em uma lenda chinesa. A dupla de atores interpretam andarilhos que apresenta ao público de forma graciosa a busca de um Imperador sem herdeiros por um sucessor. Ele resolve fazer um concurso e distribui sementes entre as crianças do reino — inclusive as da platéia. Aquela que trouxer o melhor resultado no prazo de um ano ganhará o trono.

Simples e direta, a montagem tem um tom de narração de histórias e conta com trilha sonora singela e emocionante.

A transformações dos atores em cena é um aperitivo a mais, mostrando as habilidades e o poder de comunicação com o mundo infantil.

O grupo utiliza técnicas da mímica, teatro físico e clown para apresentar uma livre adaptação desta lenda encantadora.

Enfatizo a importância das crianças conviverem com a diversidade principalmente de contos, lendas e textos de múltiplas origens e com outras formas de expressão, além da linguagem verbal, para a contribuição do desenvolvimento cultural e visão de mundo.

Veja um clipe do espetáculo




12/12/2011

Artigo: A Estética e o Artista


Carlos Marroco estudou, pesquisou e desenvolveu seu próprio método com técnicas de encenação e preparação de atores, inspirado em grandes nomes de segmentos diversos, como: Psicologia, Filosofia, Artes Cênicas, Artes Plásticas, Cinema, Dança, entre outros.

Utiliza métodos e técnicas intensas para extrair dos atores fortes interpretações, de modo a causar no público grande emoção. Suas encenações são caracterizadas pelo resgate do teatro dramático com inspirações nos segmentos da arte expressionista, criando um clima tenso, e muitas vezes incômodo, como retrato de um lado mais cruel do ser humano, levando o público a vivenciar sensações e reflexões.

Conquistou seu reconhecimento como diretor profissional por seriedade e mérito. Teve em sua carreira espetáculos que marcaram períodos de crescimento pessoal e profissional, com a confirmação e acertos de tudo que criou no decorrer dos anos.

Cito os espetáculos:
Corço (1998),
Insensatez (2000),
Se o sol me der bom dia (2001),
O canto do cisne (2004),
 Insensatez – O julgamento de Medéia (2006),
As bruxas do Desterro (2008) 
O assalto (2011).

Como dramaturgo, desenvolveu seu próprio estilo literário, destacando sempre em sua obra o caráter humano e suas conseqüências. Possui um conjunto de treze obras registradas na Fundação Biblioteca Nacional algumas inéditas e outras consagradas com prêmios de Melhor Texto Original, como o caso de “Insensatez” (Primeira história da peça “Marroco conta quatro histórias de paixão”) em 2000, “Se o sol me der bom dia” em 2001 e “Ausência” em 2004.

 Em 2010, publicou seu livro “Trilogia da Maldade”.

Carlos Marroco acredita que a sociedade tem a cultura e preocupação, de mostrar o que ela tem de melhor, mas afirma que todos nós temos um lado obscuro: torto, feio, extremo, que escondemos às vezes até de nós mesmos. Nunca foi de seu interesse mostrar no teatro a vida bela, ou uma repetição “natural” da vida no palco. Marroco sempre quis mostrar o que não é obvio, os sentimentos sufocados, o lado cruel e avesso do ser humano.

Com inspirações no cinema expressionista alemão, a arte expressionista deu-lhe elementos para desenvolver criações, criticando o conformismo da época, mostrando que a vida não é tão bela como se pinta, que o mundo não está sob controle como se prega. A sua teoria está fundamentada no conceito de que a arte não pode ser apenas bela, ou apenas instrumento de entretenimento e diversão, ela possui um caráter responsável social por contar a história de seu povo, por educar, por alertar, por ajudar e principalmente por fazer pensar.

Quando se tornou diretor teve a necessidade de criar uma identificação para o seu trabalho, partindo do princípio de colocar em cena resultados que levassem mensagens e reflexões ao público. Valorizando sempre a real função do teatro, e desacreditado de habituais técnicas na preparação de atores, buscou através do estudo do corpo em primeiro plano e da voz que considera estar em segundo plano, desenvolver técnicas para preparação de atores. Faz uma comparação com o nosso cotidiano:

Quando falamos bom dia para alguém, o nosso corpo já disse antes. Revelando se realmente queria desejar o bom dia”,
Sendo assim acredita que os atores interpretassem primeiramente pelo corpo, consegue com seus exercícios, que o ator dê essa forma ao corpo de dentro para fora, sentindo realmente verdade e força, representando as emoções das personagens.

“Uma vez que o corpo representa o que o texto pede a voz vem através desses impulsos e estímulos corporais. A partir daí desdobram-se exercícios para reforçar a interpretação e sustentação vocal”.

Seus estudos da arte expressionista e todos os seus segmentos, fatores históricos e sociológicos, Filosóficos, Psicológicos, Psicanalíticos, e as filosofias orientais, a dança, Butoh, as artes plásticas e a Música, junto com o estudo de artistas contemporâneos que em algum momento usaram a mesma base de pesquisa, foram fatores importantes para a forte identidade construída e marcada pelos exageros gestuais, nas atuações intensas dos atores, nas concepções de cenários impactantes, dos figurinos estilizados e criativos, e a forte iluminação que prevalece o contraste entre a luz e sombra.

Acreditando que o brasileiro está cada vez mais despolitizado, tenta com sua arte de alguma forma contribuir para o desenvolvimento das artes cênicas que hoje encontra-se estagnada no patamar comercial, onde a maioria das produções destinadas ao público adulto está centrada no realismo e nas comédias.

“A contribuição que deixo é pequena diante da grande oferta de diversão por diversão, mas por onde passo sempre fica uma semente”.

Questionando a crueldade dos seres humanos deixando-nos mensagens subjetivas e reflexivas na construção de um mundo melhor, mostrando a verdade nua e crua no presenteia com mais uma grande promessa de grande sucesso: “O assalto”, de José Vicente de Paula, que retrata as tensões cotidianas, as aflições e angústias dos habitantes da Metrópole São Paulo, representados pelo bancário Victor e pelo varredor Hugo, ambos os funcionários do mesmo Banco, que se deparam a um final de expediente inesperado, se envolvendo num contexto de nuances de sentimentos, onde razão e emoção se confundem.
O público será induzido a sentir e se auto-analisar, quando se deparar com as personagens da peça, seus conflitos, sua dor, seu dia a dia. Assim consiste o “O Assalto”, um espetáculo denso e dramático que almeja conquistar o público através de seu conteúdo consistente e polêmico, e de interpretações de qualidade.

Para quem quiser conhecer mais deste irreverente artista contemporâneo que além de todas as qualidades mencionadas, simpático e atencioso acesse seu blog:

 O endereço é http://diretormarroco.blogspot.com/

Momentos raros de lazer!

Esta festa foi uma parceria entre eu e minha irmã "Lê", para minha filha "Mel". O painel do fundo foi feio por mim pintado em tecido. O bolo foi feito de EVA e as peças de isopor revestido de manta acrílica e pintadas a mão. Já os bonecos foram feitos pela Lê, são todos de EVA.

Obs. Ela aceita encomendas. Faz coisas lindas!

Fone: 16-3974-1313

Bailarina




Este vídeo editei para um amigo muito especial, Eder Martins, apesar de nossas diferenças, temos muito em comum, e uma das coisas, é que ambos fomos bailarinos. Hoje estamos totalmente fora de forma kkkkkkkkk. Mas não deixamos de apreciar uma boa companhia de dança. Passamos três anos juntos na faculdade compartilhando momentos de aprendizagem. Vou sentir saudades!

Uso da tecnologia na sala de aula.


“A apreciação artística e história da arte não tem lugar na escola. As únicas imagens na sala de aula são imagens ruins dos livros didáticos, as imagens das folhas de colorir e, no melhor dos casos, as imagens produzidas pelas próprias crianças”.

Neste trecho Ana Mãe deixa claro a deficiência que as aulas de arte tinham ao se tratar do uso da imagem na sala de aula.

Reforça ainda sobre os problemas a visitas a exposições que normalmente são raras. E quando acontece são mal elaboradas pelo professor, fazendo que a viagem de ônibus seja mais significativa para a criança do que a apreciação das obras de arte.

Ela diz que mesmo nas escolas particulares mais caras a imagem não era usada nas aulas de arte. Eles lecionavam arte sem oferecer a possibilidade de ver.

“É como ensinar a ler, sem livros na escola”.

Diante desta problemática e do conhecimento sobre a teoria que Ana Mãe nos deixa sobre a proposta triangular: Consiste no apoio do programa de ensino de Arte em três abordagens para efetivamente construir conhecimentos em Arte.
  • Contextualização histórica;
  • Fazer artístico;
  • Apreciação artística.

    Fica evidente que a tecnologia vem para muito contribuir nas aulas de arte, no que diz respeito a contextualizar e principalmente apreciar, é uma possibilidade que não conseguiríamos diante do tempo e recursos oferecidos para o professor de arte, alcançar com êxito, mesmo com grandes esforços.

    Africa: Eu vejo. Eu sinto.


    A tecnologia nos permite trabalhar com a arte de uma forma muito peculiar, acredito que os vídeos que produzimos hoje, traz o visual mais dinâmico, as músicas dão o ritmo da leitura,  sendo  de muita importância para envolver o espectador, e as palavras e textos colaboram para construção dos significados na interpretação da obra.

    Esta obra foi criada, pensando na possibilidade deste vídeo circular em uma exposição com o tema África. Onde os elementos da exposição seriam, instrumentos musicais de origens africanas, culinária, dicionário com as palavras que originaram da áfrica, lendas africanas, dança, capoeira, instrumentos musicais, musicas, etc.

    Apesar da exposição cumprir o papel de contribuir para a valorização da cultura Africana em nosso país, como vimos na  História e Cultura Afro Brasileira, ainda temos muito que aprendermos a valorizar a cultura africana. No Brasil por muito tempo no ensino priorizava-se mostrar o lado da história do Brasil, onde os negros tinham somente a utilidade do serviço braçal, da escravidão etc.

    Esta é uma áfrica que ainda vemos. O Brasil vem tentando recompensar os erros do passado, com novas políticas e proposta de ensino para erradicar com a discriminação racial, o preconceito, e o pensamento errado sobre esta cultura, mas o que vimos é que poucos são os professores tiveram habilidades para trabalharem com este assunto e ainda acham que é um tema ainda polêmico.

    Ps. Chega de aulinhas sobre a escravidão. Vamos valorizar o que é nosso!


    Romero Brito



    Este vídeo foi editado para uma das últimas matérias da faculdade de Arte. Mostra um artista brasileiro que caiu no gosto popular e muito criticado pela crítica especializada por não ter definido até que ponto suas obras é arte ou produto de marketing.