Emilia Beatriz María Ferreiro Schavi (Argentina,
1936) é uma psicóloga
e pedagoga
argentina,
radicada no México,
doutora
pela Universidade de Genebra, sob a orientação
de Jean Piaget.
Em 1970 depois de se formar em psicologia
pela Universidade de Buenos Aires, estuda na Universidade de Genebra, onde trabalha
como pesquisadora-assistente de Jean Piaget
e obtém o seu PhD
sob a orientação do psicopedagogo suiço.
Retorna a Buenos Aires, em 1971. Forma um grupo de pesquisa sobre alfabetização e publica sua tese de doutorado -
Les relations temporelles dans le langage de l'enfant. No ano seguinte,
recebe uma bolsa da Fundação Guggenheim (EUA). Em 1974 afasta-se de suas
funções docentes na Universidade de Buenos Aires.
Em 1977, após o golpe de Estado na Argentina passa a viver
em exílio na Suíça, lecionando na Universidade de Genebra. Inicia com
Margarita Gómez Palacio uma pesquisa em Monterrey
(México)
com crianças que apresentam dificuldade de aprendizagem.
Em 1979
passa a residir no México com o marido, o físico
e epistemólogo
Rolando García, com quem teve dois filhos.
Atualmente é Professora Titular do Centro de
Investigação e Estudos Avançados do Instituto Politécnico Nacional, na Cidade do México
O Livro:
Reflexões Sobre Alfabetização
Emília Ferreiro descobriu e
descreveu a “psicogênese da língua escrita” e abriu espaço para um novo tipo de
pesquisa em pedagogia. Ela desloca a investigação do “como se ensina” para “o
que se aprende”. O processo de alfabetização nada tem de mecânico do ponto de
vista da criança que aprende. A criança constrói seu sistema interpretativo,
pensa, raciocina e investiga buscando compreender esse objeto social complexo
que é a escrita. Essa mudança conceitual sobre a alfabetização acaba levando
mudanças profundas na própria estrutura escolar.
Neste volume estão reunidos
quatro trabalhos reunidos em momentos diferentes, porém dentro da mesma linha
de preocupação: contribuir para uma reflexão sobre a intervenção educativa
alfabetizadora a partir dos novos dados oriundos das investigações sobre a
escrita da criança.
O livro demonstra como o objeto
de conhecimento intervém no processo de aprendizagem, não como entidade única,
mas somadas a “quem ensina e quem aprende”. Para que as crianças possam se
servir dos elementos de compreensão do processo de construção e suas regras de
produção, a escrita é concebida como um sistema de representação, sua
aprendizagem se converte na apropriação de um novo objeto de conhecimento, ou
seja, em uma aprendizagem conceitual.
Ao pensarmos que as crianças são
seres que ignoram que devem pedir permissão para a aprender...
Ao aceitarmos que criança não é uma tabula rasa onde se
escrevem as letras e as palavras segundo determinados métodos...
Se aceitarmos que o “fácil” e o
“difícil” não podem ser definidos a partir da perspectiva do adulto, mas da de
quem aprende...
Ao perguntarmos que tipo de
prática submetemos as crianças a pensarem que o conhecimento é algo que os
outros possuem e lhe é transmitido através da boca...
Ao desmistificarmos que o que
existe para se conhecer, já foi estabelecido, como um conjunto de coisas
fechado, sagrado e imutável e não modificável...
Se tirarmos a criança como mero
espectador passivo ou receptor mecânico, e dar-lhe a voz...
Ao pararmos com autoritarismo de
fazer exclusivamente em casa, o mesmo que se faz na escola, de modo a não criar
conflitos no processo aprendizagem...
Ao aceitarmos que a criança
convive com mais letras fora da escola do que dentro e que fora são convidadas à
produção e interpretação e dentro são forçadas à cópia e a reprodução...
Ao pararmos de reduzir a criança
a um par de olhos, um par de ouvidos, uma mão que pega um instrumento para
marcar e um aparelho fonador que emite sons...
Teríamos a visão que, por traz de
tudo isso há um sujeito cognoscente, alguém que pensa, que constrói
interpretações, que age sobre o real para fazê-lo o seu. Talvez começamos a
aceitar que podem saber, embora não tenha sido dada a elas a autorização
institucional para tanto.
Em alguns momentos da história
faz falta uma revolução conceitual. Emília Ferreiro acredita ter chegado o
momento de fazê-la a respeito da alfabetização.
Este livro contribuiu bastante no
meu processo de aprendizagem, diante das reflexões de Emília Ferreiro pude
chegar mais perto das propostas contemporâneas da educação e refletir o quanto
essa se distancia da pedagogia aplicada no meu tempo de escola.
Como educador e pesquisador de processos de aprendizagem, posso concluir
que foi de grande importância comungar de pensamentos favoráveis sobre o ser
humano no processo de construção de conhecimento e que esta não se dá, somente
através de codificações.
Entender os processos analíticos
das pesquisas de Emílio Ferreiro abriu algumas portas para o entendimento de
como a arte possa contribuir para os processos cognitivos principalmente nas
salas de alfabetização.
Bibliografia
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