5/08/2012

Reflexões Sobre Alfabetização


Emilia Beatriz María Ferreiro Schavi (Argentina, 1936) é uma psicóloga e pedagoga argentina, radicada no México, doutora pela Universidade de Genebra, sob a orientação de Jean Piaget.
Em 1970 depois de se formar em psicologia pela Universidade de Buenos Aires, estuda na Universidade de Genebra, onde trabalha como pesquisadora-assistente de Jean Piaget e obtém o seu PhD sob a orientação do psicopedagogo suiço. Retorna a Buenos Aires, em 1971. Forma um grupo de pesquisa sobre alfabetização e publica sua tese de doutorado - Les relations temporelles dans le langage de l'enfant. No ano seguinte, recebe uma bolsa da Fundação Guggenheim (EUA). Em 1974 afasta-se de suas funções docentes na Universidade de Buenos Aires.
Em 1977, após o golpe de Estado na Argentina passa a viver em exílio na Suíça, lecionando na Universidade de Genebra. Inicia com Margarita Gómez Palacio uma pesquisa em Monterrey (México) com crianças que apresentam dificuldade de aprendizagem. Em 1979 passa a residir no México com o marido, o físico e epistemólogo Rolando García, com quem teve dois filhos.
Atualmente é Professora Titular do Centro de Investigação e Estudos Avançados do Instituto Politécnico Nacional, na Cidade do México

O Livro: Reflexões Sobre Alfabetização
Emília Ferreiro descobriu e descreveu a “psicogênese da língua escrita” e abriu espaço para um novo tipo de pesquisa em pedagogia. Ela desloca a investigação do “como se ensina” para “o que se aprende”. O processo de alfabetização nada tem de mecânico do ponto de vista da criança que aprende. A criança constrói seu sistema interpretativo, pensa, raciocina e investiga buscando compreender esse objeto social complexo que é a escrita. Essa mudança conceitual sobre a alfabetização acaba levando mudanças profundas na própria estrutura escolar.
Neste volume estão reunidos quatro trabalhos reunidos em momentos diferentes, porém dentro da mesma linha de preocupação: contribuir para uma reflexão sobre a intervenção educativa alfabetizadora a partir dos novos dados oriundos das investigações sobre a escrita da criança.

O livro demonstra como o objeto de conhecimento intervém no processo de aprendizagem, não como entidade única, mas somadas a “quem ensina e quem aprende”. Para que as crianças possam se servir dos elementos de compreensão do processo de construção e suas regras de produção, a escrita é concebida como um sistema de representação, sua aprendizagem se converte na apropriação de um novo objeto de conhecimento, ou seja, em uma aprendizagem conceitual.

Ao pensarmos que as crianças são seres que ignoram que devem pedir permissão para a aprender...

Ao aceitarmos que  criança não é uma tabula rasa onde se escrevem as letras e as palavras segundo determinados métodos...

Se aceitarmos que o “fácil” e o “difícil” não podem ser definidos a partir da perspectiva do adulto, mas da de quem aprende...

Ao perguntarmos que tipo de prática submetemos as crianças a pensarem que o conhecimento é algo que os outros possuem e lhe é transmitido através da boca...

Ao desmistificarmos que o que existe para se conhecer, já foi estabelecido, como um conjunto de coisas fechado, sagrado e imutável e não modificável...

Se tirarmos a criança como mero espectador passivo ou receptor mecânico, e dar-lhe a voz...

Ao pararmos com autoritarismo de fazer exclusivamente em casa, o mesmo que se faz na escola, de modo a não criar conflitos no processo aprendizagem...

Ao aceitarmos que a criança convive com mais letras fora da escola do que dentro e que fora são convidadas à produção e interpretação e dentro são forçadas à cópia e a reprodução...

Ao pararmos de reduzir a criança a um par de olhos, um par de ouvidos, uma mão que pega um instrumento para marcar e um aparelho fonador que emite sons...

Teríamos a visão que, por traz de tudo isso há um sujeito cognoscente, alguém que pensa, que constrói interpretações, que age sobre o real para fazê-lo o seu. Talvez começamos a aceitar que podem saber, embora não tenha sido dada a elas a autorização institucional para tanto.

Em alguns momentos da história faz falta uma revolução conceitual. Emília Ferreiro acredita ter chegado o momento de fazê-la a respeito da alfabetização.

Este livro contribuiu bastante no meu processo de aprendizagem, diante das reflexões de Emília Ferreiro pude chegar mais perto das propostas contemporâneas da educação e refletir o quanto essa se distancia da pedagogia aplicada no meu tempo de escola.

Como educador e pesquisador de processos de aprendizagem, posso concluir que foi de grande importância comungar de pensamentos favoráveis sobre o ser humano no processo de construção de conhecimento e que esta não se dá, somente através de codificações.

Entender os processos analíticos das pesquisas de Emílio Ferreiro abriu algumas portas para o entendimento de como a arte possa contribuir para os processos cognitivos principalmente nas salas de alfabetização.

Bibliografia



FERREIRA, E. Reflexões sobre alfabetização: 6 questões da nossa época. São Paulo: Córtez, 2010.

1/09/2012

O Enigma de Kaspar Hauser

Werner Herzog

Werner Herzog, nome artístico de (Munique, 5 de setembro de 1942), é um premiado cineasta alemão.

Herzog é sempre associado ao movimento do Novo Cinema Alemão, juntamente com Rainer Werner Fassbinder, Margarethe von Trotta, Volker Schlöndorff, Wim Wenders, entre outros. Não se considerava um membro desse movimento, mas, sem dúvida, era um importante simpatizante.

Os seus filmes contêm sempre heróis com sonhos impossíveis ou pessoas com talentos únicos em áreas obscuras.

Dirigiu, entre muitos outros filmes Nosferatu: Phantom der Nacht (1979), uma nova visão sobre o clássico de Murnau, de 1922 e Fitzcarraldo (1982).



O filme: O Enigma de Kaspar Hauser

O filme conta a história de Hauser, baseado em fatos reais passou os primeiros anos de sua vida aprisionado numa cela, não tendo contacto verbal com nenhuma outra pessoa, fato esse que o impediu de adquirir uma língua. Porém, logo lhe foram ensinadas as primeiras palavras, e com o seu posterior contato com a sociedade, ele pôde paulatinamente aprender a falar, da mesma maneira que uma criança o faz. Afinal, ele havia sido destituído somente de uma língua, que é um produto social da faculdade de linguagem, não da própria faculdade em si. A exclusão social de que foi vítima não o privou apenas da fala, mas de uma série de conceitos e raciocínios, o que fazia, por exemplo, que Hauser não conseguisse diferenciar sonhos de realidade durante o período em que passou aprisionado.

Hauser, supostamente com quinze anos de idade, foi deixado em uma praça pública de Nuremberg, em 26 de maio de 1828, com apenas uma carta endereçada a um capitão da cidade, explicando parte de sua história, um pequeno livro de orações, entre outros itens que indicavam que ele provavelmente pertencia a uma família da nobreza.

Entre as idiossincrasias originadas pelos seus anos de solidão, Hauser odiava comer carne e beber álcool, já que aparentemente havia sido alimentado basicamente por pão e água. Aprendeu a falar, a ler e a se comportar, e a sua fama correu a Europa, tendo ficado conhecido à época, como o "filho da Europa". Obteve um desenvolvimento do lado direito do cérebro notoriamente maior que o do esquerdo, o que teoricamente lhe proporcionou avanços consideráveis no campo da música.

Hauser foi assassinado com uma facada no peito, em Dezembro de 1833, nos jardins do palácio de Ansbach. As circunstâncias e motivações ou autoria do crime jamais foram esclarecidas, apesar da recompensa de 10.000 Gulden (c. 180.000,00 Euros) oferecida pelo rei Luís I da Baviera.

A sua história foi representada no filme de Werner Herzog, "Jeder für sich und Gott gegen alle" (em língua portuguesa, "Cada um por si e Deus contra todos"), de 1974, lançado em português com o título "O Enigma de Kaspar Hauser".

Este filme foi importante para minha formação, e indico a todos que trabalham com educação, pois me fez refletir sobre o discurso que estamos sempre escutando na educação sobre importância das relações da criança com o meio em que vive para o desenvolvimento pleno.

Este ponto é destacado nas entrelinhas, o fato da ausência da comunicação oral e escrita serem fortemente presentes nas cenas do filme, deixa claro que as relações intrapessoais se faz necessária para formação desta, a ponto de deixar Hauser excluído de certa forma, e exposto como homem bizarro em um circo da cidade por não saber lidar com os processos cognitivos da linguagem.

Apesar de tardia, esses processos são apresentados em forma decodificada a fim de sanar o problema de Hauser. A angústia se torna presente ao percebemos então que este aprendizado sempre estará prejudicado, pois lhe falta à experiência da vivência para a construção de seu conhecimento, nos mostrando a importância de vivermos em sociedade e que nenhum conhecimento se constrói sozinho, que a relação com o meio nos influência e colabora para construção do que chamamos de verdade.

Bibliografia

WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Werner Herzog.
Em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Werner_Herzog>. Acesso em: 11 de outubro de 2011.


WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Kaspar Hauser.
Em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Kaspar_Hauser>. Acesso em: 11 de outubro de 2011

1/03/2012

Educando Crianças Índigo: Uma Nova Pedagogia para as Crianças da Nova Era!


Certamente poucos já ouviram falar em crianças índigo. Digo isto pois a minoria das pessoas que trabalham comigo na área da educação já ouviram algo sobre o assunto. Uma colega, na verdade mãe de uma aluna do colégio onde trabalho, o nome dela é Marta Batista Lopes, que também trabalha na área da educação, me indicou este livro no qual me interessei e gostaria de compartilhar com vocês.

Egídio Vecchio

Radicado no Brasil desde o ano de 1972, é argentino, doutor em psicologia, psicopedagogia, e psicologia clínica (Universidade Argrntina JohnF. Kennedy). Pesquisador, professor universitário, palestrante e escritor com várias obras publicadas, reside na cidade de Porto Alegre (RS),na qual está à frente do Instituto Portal do Índigo e da Escola Brasileira de Reiki. Atene crianças e adolescentes índigo, bem como orienta pais e professores para ajudá-los a conviver melhor com seus filhos e alunos, de modo que estes, possam desenvolver, sem dificuldade, suas potencialidades tão especiais.

No Brasil, foi responsável pela introdução da Análise Transacional de Eric Berne. Palestrante requisitado apresenta seminários, conferências e cursos sobre a natureza, o comportamento e a educação dos índigos.

Depois de quase uma década de convivência com os índigos, Egidio Vecchio, incentivados por aqueles que o acompanham há tantos anos, sentiu-se preparado para lançar ao público Educando Crianças Índigos. Estudiosos do comportamento humano, encontrou no livro Crianças Índigo de Lee Caroll e Jan Tober – lançado nos Estados Unidos em 1998, e publicado no Brasil em 2005 - subsídios para aprofundar seu trabalho. Resultado de sua aproximação com outros profissionais, empreendeu, em outubro de 2005, a Primeira Jornada Brasileira Pró-Índigos realizada em Porto Alegre (RS).

Durante o evento Vecchio comprovou a necessidade de compartilhar seu aprendizado. Sobre o alcance de sua proposta, contida por inteiro neste livro, esclarece: “Um livro eminentemente prático e orientador para o dia-a-dia de pais e professores, tal como o leitor comprovará por intermédio dos exemplos, quadros de orientação, questionários e das avaliações que constam nele”.

O livro: Educando Crianças Índigo

A médica norte-americana Doutora Berrenda Fox, que está pesquisando a existência de mais duas hélices no DNA. A essas hélices adicionais também se referiu Lee Carroll, inclusive mencionadas pelo doutor Todd Ovokaitys, uma das maiores autoridades mundiais em natureza do DNA. Em nível mental, o homem do futuro irá desenvolver cada uma das 12 inteligências múltiplas (refere-se as inteligências múltiplas apresentadas pelo pesquisador Howard Gardner, somado as 4 que ele formulou, mais uma exposta por Goleman, totalizando as 12 mencionadas) até agora descobertas. Fará isso graças a um cérebro mais potencializado, ou seja, adequado a essa nova realidade fisiológica.

Os índigos apresentam 134 características que as diferem das demais crianças e jovens. Algumas apresentadas abaixo são as mais evidentes:

• inocência (não destroem);
• Alegria (habitual)
• Coragem (são destemidos);
• Amizade;
• Lógica (irresistível);
• Calma;
• Firmeza (para conseguir o que deseja);
• Gratidão (expressa até no olhar);
• Pacíficos (não gostam de violência);
• Justos (amam a justiça);
• Autônomos (querem optar por si mesmos);
• Leais (também pedem reciprocidade);
• Raros (são tidos como tais, se não compreendidos);
• Ativos (sempre em todos os momentos);
• “Sofridos” (se existem brigas entre os que ama);
• Auto-estima alta;
• Anti-rituais (não gostam de cerimônias, rituais, etc.);
• Imunes a culpa (corrigem-se, mas não se culpam);
• Incomodam-se (por exemplo, com conversas sem sentido);
• “Não pertencentes”
• Cobradores;
• Enfastiam-se (por exemplo, com sermões);
• Irreverentes (mas respeitosos);
• Antiautoritarismo (só aceitam explicações lógicas);
• Estranheza (sentem “estranhos” aos adultos);

Umas das diferenças que caracterizam a criança índigo é sua estrutura psicobiológica e espiritual diferente. Suas células são diferentes; o código genético é diferente; e a psique é diferente porque sua biologia também é diferente. Sua condição antropológica é diferente, a energia é diferente, a freqüência vibracional é diferente.

Tudo indica que a paz será alcançada e uma nova Pedagogia de Valores será instrumento para que isso aconteça. Os jovens casais formados por índigos e não-índigos irão gerar descendentes pós-índigos. Que serão, efetivamente, os grandes pacificadores da humanidade.

Partes do DNA sofrerão modificações. Essas partes são denominadas pelos cientistas de hoje de “quinta essência” (ou quintessência, é um termo reintroduzido por três astrofísicos norte-americanos - originalmente apresentados por Aristóteles – para designar um campo dinâmico quântico que é gravitacionalmente repulsivo).

Relações com a Inteligência

O autor relaciona a capacidade de elaborar conceitos abstratos que constituem os “tijolos” para construir raciocínios; capacidade de analisar efeitos e encontrar a causa ; capacidade de resolver problemas e saber porque o problema surgiu as Inteligências Múltiplas .

O ser humano somente se tornou a espécie dominante sobre o planeta porque desenvolveu habilidades para resolver problemas e dificuldades.

Diferentes atividades humanas são necessárias um conjunto de competências intelectuais. Howard Gardner assinala com muita precisão que, de modo geral, cada tipo de inteligência não atua isoladamente (autônomas, porém interdependentes).

As 7 inteligências de Howard Gardner:

• Lingüística;
• Lógico-Matemática;
• Espacial;
• Musical;
• Corporal-Cinestésica;
• Interpesoal;
• Intrapessoal;

Mais as 4 inteligências identificadas pelos autores:

•Lógica (desdobramento da lógico-matemática);
• Mecânica;
• Espiritual (capacidade de entender o intelegível do mundo espiritual, meta-físico, usando a chamada terceira linguagem);
•Vivencial (Capacidade de complementar várias inteligências para ser feliz e viver feliz no dia-a-dia).

Diante do estudo de todas as inteligências citadas o autor deixa clara a importância de educadores e familiares à compreensão para direcionar e estimular essas inteligências no indivíduo índigo, e divide em quatro biótipos que serão desenvolvidos com o concurso das facilitadores, pais, pedagogos, psicopedagogos, e professores principalmente:

• O humanista
• O tecnólogo (conceitual);
• O artístico;
• O multidimensional (não confundir com Interdimensional)

Pedagogia de Valores

Dito a importância da Pedagogia de Valores para a educação, relaciono pontos importamtes para o desenvolvimento pessoal e profissional de qualquer pessoa, baseado na Paidosofia:
Crie a cada momento momentos oportunidades específicas de aprendizado.
Liberte potenciais. Todos os índicos, mesmo quando são chamados de descapacitados, vêm ao mundo com seu próprio potencial.

Ajude o índico a remover os obstáculos: mentais, emocionais, afetivos, instintivos, físicos, que o impedem se desenvolver seu potencial. Seja para eles, um autentico facilitador.
Encare o crescimento pessoal de cada criança como se ela fosse única. Nunca diga-lhe palavras ásperas, como “Você não consegue”, “você não pode”, etc. Encoraje-a sempre.
Ensine por objetivos;
Use recursos audiovisuais, use a sensibilidade do corpo. Trabalhe com o corpo. Aplique técnicas de psicodramas.
Descetralize, convertendo as aulas em ensino participativo. Lembre-se das bases do construtivismo. Participe de suas descobertas.
Valorize a comunicação.

Ler este livro me proporcionou grandes momentos de reflexão sobre a evolução do ser humano, apesar de pesquisando mais sobre os índicos não existe nenhuma comprovação cientifica sobre o assunto, mas não podemos de deixar de fazer a observação que o mundo realmente vem mudando, ou melhor, pessoas vêm mudando o mundo. Leis novas a cada dia estão sendo pensadas contra preconceito, discriminação de cor, raça, sexo, religião, direitos de igualdade, inclusões sociais etc.

Sobre a comprovação do ser “índigo” podemos nos questionar, mas a evolução está presente, e é só pararmos para observar que ao nosso redor encontraremos indivíduos com pensamentos que chamamos de “frente ao nosso tempo” brigando pela humanidade.

Como educador apaixonado por novas descobertas como a teoria: As Inteligências Múltiplas do autor Gardner”, depois deste livro certamente terei os olhos voltados para a pedagogia de valores, que para índigos e não índigos é um referencial de conduta ética e sede de um mundo melhor. (melhor para todos!).

“Estamos começando a descobrir as possibilidades quase ilimitadas da mente”.

“Os índigos são algo mais que simplesmente criaturas superdotadas. Eles“vêm” ao mundo nada mais nada menos que para mudar a natureza humana”.

Bibliografia

VECCHIO, Egidio. Educando crianças Índigo: uma nova pedagogia para crianças da nova era! São Paulo: Butterfly: 2006.

12/23/2011

Luigi Pareyson: Os Problemas da Estética






Luigi Pareyson
(Piasco, província de Cuneo,1918 — Rapallo, província de Génova, 1991) foi um dos maiores filósofos italianos do século XX.

Desde muito cedo, Pareyson demonstrou grande apetência para a reflexão e a escrita filosófica. Concluiu sua licenciatura em 1939 na Universidade de Turim, sob orientação de Augusto Guzzo, com a tese "Karl Jaspers e a Filosofia da Existência".

Ao longo da sua vida, destacou-se também por sua atividade política. Participou na resistência antifascista italiana e integrou o Partito d'Azione.

Lecionou na Universidade de Turim e na Universidad Nacional de Cuyo, em Mendoza, Argentina.

Alguns de seus alunos se tornaram famosos, como Gianni Vattimo, Umberto Eco e Mario Perniola.

A obra de Pareyson está ligada à Filosofia da Existência, à Hermenêutica, à Filosofia da Religião e à Estética. Foi também um importante crítico do Idealismo Alemão (Fichte, 1950; Schelling, 1975).

A reflexão de Pareyson esforça-se por não desembocar nem no pessimismo, comumente associado ao existencialismo, nem tão pouco em um optimismo. Estas são apenas categorias psicológicas que encobrem o fundo e as implicações ontológicas da situação de cada homem no mundo. Por isso, o próprio Pareyson categorizou a fase inicial do seu pensamento como um "existencialismo personalista" ou "personalismo ontológico".

Estética e Filosofia da Arte

Também as suas idéias estéticas se desenvolvem a partir da Hermenêutica e do conceito de interpretação. Segundo Pareyson, a obra de arte é um objeto "em construção", já que desde o seu início, mesmo antes de tomar forma física e existindo apenas enquanto vontade "informe" de criação, ela já entra em um processo interpretativo por parte do artista. Essa interpretação continua em todos os estádios da sua existência e da sua permanência no mundo, defronte a cada ser humano que entre em contacto com a obra. A obra define-se exatamente nessa presença em face a uma interpretação. Quando a obra não é pensada, relacionada, discutida, ela deixa de ser obra. Assim, Pareyson define a sua Estética como um "teoria da formatividade". A obra está em permanente "formação".

Livro: OS PROBLEMAS DA ESTÉTICA

Em Arte nunca foi fácil definir o conceito da estética. O livro publicado pela editora Martins Fontes traz a reflexão do significado da estética.

Pareyson afirma que não se pode fazer grandes avanços partindo do estudo da palavra estética, adotado no século XVIII, pela influência do romantismo alemão que evidencia a relação entre o belo e o sentimento.

Com o surgimento da arte moderna, onde o belo, não era mais objeto da arte e sim no resultado da arte trouxe a reflexão do papel que a estética desenvolve sobre o expressar.

A maneira com que Pareyson desenvolve o assunto nos traz um claro entendimento de questões que costumam promover diversas dúvidas, principalmente ao discutir a natureza e o caráter da estética, que, para ele, trata-se de uma reflexão filosófica ou reflexão empírica, mostrando que a filosofia não traz normas mas raciocínios que surgem da estética.

O autor também aponta dois caminhos diferentes, porém convergentes para se chegar à questão da estética: o primeiro por meio do filósofo que dedica seu pensamento à arte, e o segundo investigando a própria arte. Portanto, quando da experiência concreta com a arte surge uma consciência crítica sobre a própria atividade artística, desde que os dois caminhos passem por examinar a própria obra de arte em si mesma e por um aprofundamento especulativo, como é mais da especificidade da estética.

Relaciona: conteúdo e forma nascem inseparáveis: o conteúdo nasce no próprio ato que nasce a forma e a forma não é mas que expressão acabada do conteúdo.

Apesar de a obra de arte ser, como enfatiza o pensador, uma obra que aceita valer só como forma - e é essa a sua especificidade - no entanto ele faz notar que ela não se reduz a ser apenas forma, mas é, ao mesmo tempo, uma forma e um mundo.

A forma é o resultado da formação de uma matéria, matéria formada, e o conteúdo é o modo de formar aquela matéria, o que significa carregar as inflexões formais de sentidos, conferindo a função e a capacidade de exprimir e de significar a todos os aspectos da obra. Já não se trata só de inseparabilidade de forma e conteúdo, mas, verdadeiramente, de identidade, pois a própria matéria formada é conteúdo expresso.

Como modo de formar do artista é sua própria espiritualidade, traduzida em termos operativos e tornada gesto do fazer, assim não é mais possível separar a consideração dos valores formais da consideração do significado espiritual e vice-versa.

O artista não tem outro modo de exprimir senão o produzir e não diz senão fazendo.

A estética abre a discussão sobre a relação do leitor com a obra, para alcançar por meio da experiência estética conclusões teóricas universais.

Indubitavelmente, a estética não está preocupada com uma obra específica, mas sim com um conjunto de obras que permitam ao teórico criar teorias.

Para Luigi Pareyson, estética e teoria da arte também são distintas, uma vez que a teoria desenvolve normas e regras para a arte.

O autor esclarece a diferença entre crítica e poética ao mencionar que a "poética diz respeito à obra por fazer e a crítica avalia a obra feita: a primeira tem atarefa de regular a produção da arte, e a crítica a de avaliar a obra de arte".

O teórico, de forma didática, sem perda do rigor de sua análise, apresenta-nos uma reflexão complexa e instigante, que traz com justeza informações relevantes sobre os elementos da poética, da crítica e da estética de uma obra de arte, ao mesmo tempo, caracterizando-as na sua especificidade.

Conclusão

Apesar de complexo o autor trouxe reflexões importantes sobre a estética, o quanto se destinge de todas áreas. Mostrou que a estética vai mais fundo e mais além, pois pela sua natureza especulativa (daí ser identificada a filosofia), se propõe a chegar a conclusões mais universais sobre a arte.

Bibliografia
WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Luigi Pareyson.
Em:< http://pt.wikipedia.org/wiki/Luigi_Pareyson> Acesso em 29 de outubro de 2011.


12/19/2011

Eu recomendo: Peça Teatral: O Vaso Vazio


Neste sábado 17/12, fui ao SESC assistir uma peça de teatro ‘O Vaso vazio” de Abigail Tatit e Marcelo Pessoa.
Trilha sonora: Jonas Tatit,
Figurinos: Isabela Teles,
Iluminação Lira Ali,
Canção Paulo e Zé Tatit.

A criação coletiva do Grupo DeLivre DeLírios, é inspirada em uma lenda chinesa. A dupla de atores interpretam andarilhos que apresenta ao público de forma graciosa a busca de um Imperador sem herdeiros por um sucessor. Ele resolve fazer um concurso e distribui sementes entre as crianças do reino — inclusive as da platéia. Aquela que trouxer o melhor resultado no prazo de um ano ganhará o trono.

Simples e direta, a montagem tem um tom de narração de histórias e conta com trilha sonora singela e emocionante.

A transformações dos atores em cena é um aperitivo a mais, mostrando as habilidades e o poder de comunicação com o mundo infantil.

O grupo utiliza técnicas da mímica, teatro físico e clown para apresentar uma livre adaptação desta lenda encantadora.

Enfatizo a importância das crianças conviverem com a diversidade principalmente de contos, lendas e textos de múltiplas origens e com outras formas de expressão, além da linguagem verbal, para a contribuição do desenvolvimento cultural e visão de mundo.

Veja um clipe do espetáculo




12/12/2011

Artigo: A Estética e o Artista


Carlos Marroco estudou, pesquisou e desenvolveu seu próprio método com técnicas de encenação e preparação de atores, inspirado em grandes nomes de segmentos diversos, como: Psicologia, Filosofia, Artes Cênicas, Artes Plásticas, Cinema, Dança, entre outros.

Utiliza métodos e técnicas intensas para extrair dos atores fortes interpretações, de modo a causar no público grande emoção. Suas encenações são caracterizadas pelo resgate do teatro dramático com inspirações nos segmentos da arte expressionista, criando um clima tenso, e muitas vezes incômodo, como retrato de um lado mais cruel do ser humano, levando o público a vivenciar sensações e reflexões.

Conquistou seu reconhecimento como diretor profissional por seriedade e mérito. Teve em sua carreira espetáculos que marcaram períodos de crescimento pessoal e profissional, com a confirmação e acertos de tudo que criou no decorrer dos anos.

Cito os espetáculos:
Corço (1998),
Insensatez (2000),
Se o sol me der bom dia (2001),
O canto do cisne (2004),
 Insensatez – O julgamento de Medéia (2006),
As bruxas do Desterro (2008) 
O assalto (2011).

Como dramaturgo, desenvolveu seu próprio estilo literário, destacando sempre em sua obra o caráter humano e suas conseqüências. Possui um conjunto de treze obras registradas na Fundação Biblioteca Nacional algumas inéditas e outras consagradas com prêmios de Melhor Texto Original, como o caso de “Insensatez” (Primeira história da peça “Marroco conta quatro histórias de paixão”) em 2000, “Se o sol me der bom dia” em 2001 e “Ausência” em 2004.

 Em 2010, publicou seu livro “Trilogia da Maldade”.

Carlos Marroco acredita que a sociedade tem a cultura e preocupação, de mostrar o que ela tem de melhor, mas afirma que todos nós temos um lado obscuro: torto, feio, extremo, que escondemos às vezes até de nós mesmos. Nunca foi de seu interesse mostrar no teatro a vida bela, ou uma repetição “natural” da vida no palco. Marroco sempre quis mostrar o que não é obvio, os sentimentos sufocados, o lado cruel e avesso do ser humano.

Com inspirações no cinema expressionista alemão, a arte expressionista deu-lhe elementos para desenvolver criações, criticando o conformismo da época, mostrando que a vida não é tão bela como se pinta, que o mundo não está sob controle como se prega. A sua teoria está fundamentada no conceito de que a arte não pode ser apenas bela, ou apenas instrumento de entretenimento e diversão, ela possui um caráter responsável social por contar a história de seu povo, por educar, por alertar, por ajudar e principalmente por fazer pensar.

Quando se tornou diretor teve a necessidade de criar uma identificação para o seu trabalho, partindo do princípio de colocar em cena resultados que levassem mensagens e reflexões ao público. Valorizando sempre a real função do teatro, e desacreditado de habituais técnicas na preparação de atores, buscou através do estudo do corpo em primeiro plano e da voz que considera estar em segundo plano, desenvolver técnicas para preparação de atores. Faz uma comparação com o nosso cotidiano:

Quando falamos bom dia para alguém, o nosso corpo já disse antes. Revelando se realmente queria desejar o bom dia”,
Sendo assim acredita que os atores interpretassem primeiramente pelo corpo, consegue com seus exercícios, que o ator dê essa forma ao corpo de dentro para fora, sentindo realmente verdade e força, representando as emoções das personagens.

“Uma vez que o corpo representa o que o texto pede a voz vem através desses impulsos e estímulos corporais. A partir daí desdobram-se exercícios para reforçar a interpretação e sustentação vocal”.

Seus estudos da arte expressionista e todos os seus segmentos, fatores históricos e sociológicos, Filosóficos, Psicológicos, Psicanalíticos, e as filosofias orientais, a dança, Butoh, as artes plásticas e a Música, junto com o estudo de artistas contemporâneos que em algum momento usaram a mesma base de pesquisa, foram fatores importantes para a forte identidade construída e marcada pelos exageros gestuais, nas atuações intensas dos atores, nas concepções de cenários impactantes, dos figurinos estilizados e criativos, e a forte iluminação que prevalece o contraste entre a luz e sombra.

Acreditando que o brasileiro está cada vez mais despolitizado, tenta com sua arte de alguma forma contribuir para o desenvolvimento das artes cênicas que hoje encontra-se estagnada no patamar comercial, onde a maioria das produções destinadas ao público adulto está centrada no realismo e nas comédias.

“A contribuição que deixo é pequena diante da grande oferta de diversão por diversão, mas por onde passo sempre fica uma semente”.

Questionando a crueldade dos seres humanos deixando-nos mensagens subjetivas e reflexivas na construção de um mundo melhor, mostrando a verdade nua e crua no presenteia com mais uma grande promessa de grande sucesso: “O assalto”, de José Vicente de Paula, que retrata as tensões cotidianas, as aflições e angústias dos habitantes da Metrópole São Paulo, representados pelo bancário Victor e pelo varredor Hugo, ambos os funcionários do mesmo Banco, que se deparam a um final de expediente inesperado, se envolvendo num contexto de nuances de sentimentos, onde razão e emoção se confundem.
O público será induzido a sentir e se auto-analisar, quando se deparar com as personagens da peça, seus conflitos, sua dor, seu dia a dia. Assim consiste o “O Assalto”, um espetáculo denso e dramático que almeja conquistar o público através de seu conteúdo consistente e polêmico, e de interpretações de qualidade.

Para quem quiser conhecer mais deste irreverente artista contemporâneo que além de todas as qualidades mencionadas, simpático e atencioso acesse seu blog:

 O endereço é http://diretormarroco.blogspot.com/

Momentos raros de lazer!

Esta festa foi uma parceria entre eu e minha irmã "Lê", para minha filha "Mel". O painel do fundo foi feio por mim pintado em tecido. O bolo foi feito de EVA e as peças de isopor revestido de manta acrílica e pintadas a mão. Já os bonecos foram feitos pela Lê, são todos de EVA.

Obs. Ela aceita encomendas. Faz coisas lindas!

Fone: 16-3974-1313