12/12/2011

Artigo: A Estética e o Artista


Carlos Marroco estudou, pesquisou e desenvolveu seu próprio método com técnicas de encenação e preparação de atores, inspirado em grandes nomes de segmentos diversos, como: Psicologia, Filosofia, Artes Cênicas, Artes Plásticas, Cinema, Dança, entre outros.

Utiliza métodos e técnicas intensas para extrair dos atores fortes interpretações, de modo a causar no público grande emoção. Suas encenações são caracterizadas pelo resgate do teatro dramático com inspirações nos segmentos da arte expressionista, criando um clima tenso, e muitas vezes incômodo, como retrato de um lado mais cruel do ser humano, levando o público a vivenciar sensações e reflexões.

Conquistou seu reconhecimento como diretor profissional por seriedade e mérito. Teve em sua carreira espetáculos que marcaram períodos de crescimento pessoal e profissional, com a confirmação e acertos de tudo que criou no decorrer dos anos.

Cito os espetáculos:
Corço (1998),
Insensatez (2000),
Se o sol me der bom dia (2001),
O canto do cisne (2004),
 Insensatez – O julgamento de Medéia (2006),
As bruxas do Desterro (2008) 
O assalto (2011).

Como dramaturgo, desenvolveu seu próprio estilo literário, destacando sempre em sua obra o caráter humano e suas conseqüências. Possui um conjunto de treze obras registradas na Fundação Biblioteca Nacional algumas inéditas e outras consagradas com prêmios de Melhor Texto Original, como o caso de “Insensatez” (Primeira história da peça “Marroco conta quatro histórias de paixão”) em 2000, “Se o sol me der bom dia” em 2001 e “Ausência” em 2004.

 Em 2010, publicou seu livro “Trilogia da Maldade”.

Carlos Marroco acredita que a sociedade tem a cultura e preocupação, de mostrar o que ela tem de melhor, mas afirma que todos nós temos um lado obscuro: torto, feio, extremo, que escondemos às vezes até de nós mesmos. Nunca foi de seu interesse mostrar no teatro a vida bela, ou uma repetição “natural” da vida no palco. Marroco sempre quis mostrar o que não é obvio, os sentimentos sufocados, o lado cruel e avesso do ser humano.

Com inspirações no cinema expressionista alemão, a arte expressionista deu-lhe elementos para desenvolver criações, criticando o conformismo da época, mostrando que a vida não é tão bela como se pinta, que o mundo não está sob controle como se prega. A sua teoria está fundamentada no conceito de que a arte não pode ser apenas bela, ou apenas instrumento de entretenimento e diversão, ela possui um caráter responsável social por contar a história de seu povo, por educar, por alertar, por ajudar e principalmente por fazer pensar.

Quando se tornou diretor teve a necessidade de criar uma identificação para o seu trabalho, partindo do princípio de colocar em cena resultados que levassem mensagens e reflexões ao público. Valorizando sempre a real função do teatro, e desacreditado de habituais técnicas na preparação de atores, buscou através do estudo do corpo em primeiro plano e da voz que considera estar em segundo plano, desenvolver técnicas para preparação de atores. Faz uma comparação com o nosso cotidiano:

Quando falamos bom dia para alguém, o nosso corpo já disse antes. Revelando se realmente queria desejar o bom dia”,
Sendo assim acredita que os atores interpretassem primeiramente pelo corpo, consegue com seus exercícios, que o ator dê essa forma ao corpo de dentro para fora, sentindo realmente verdade e força, representando as emoções das personagens.

“Uma vez que o corpo representa o que o texto pede a voz vem através desses impulsos e estímulos corporais. A partir daí desdobram-se exercícios para reforçar a interpretação e sustentação vocal”.

Seus estudos da arte expressionista e todos os seus segmentos, fatores históricos e sociológicos, Filosóficos, Psicológicos, Psicanalíticos, e as filosofias orientais, a dança, Butoh, as artes plásticas e a Música, junto com o estudo de artistas contemporâneos que em algum momento usaram a mesma base de pesquisa, foram fatores importantes para a forte identidade construída e marcada pelos exageros gestuais, nas atuações intensas dos atores, nas concepções de cenários impactantes, dos figurinos estilizados e criativos, e a forte iluminação que prevalece o contraste entre a luz e sombra.

Acreditando que o brasileiro está cada vez mais despolitizado, tenta com sua arte de alguma forma contribuir para o desenvolvimento das artes cênicas que hoje encontra-se estagnada no patamar comercial, onde a maioria das produções destinadas ao público adulto está centrada no realismo e nas comédias.

“A contribuição que deixo é pequena diante da grande oferta de diversão por diversão, mas por onde passo sempre fica uma semente”.

Questionando a crueldade dos seres humanos deixando-nos mensagens subjetivas e reflexivas na construção de um mundo melhor, mostrando a verdade nua e crua no presenteia com mais uma grande promessa de grande sucesso: “O assalto”, de José Vicente de Paula, que retrata as tensões cotidianas, as aflições e angústias dos habitantes da Metrópole São Paulo, representados pelo bancário Victor e pelo varredor Hugo, ambos os funcionários do mesmo Banco, que se deparam a um final de expediente inesperado, se envolvendo num contexto de nuances de sentimentos, onde razão e emoção se confundem.
O público será induzido a sentir e se auto-analisar, quando se deparar com as personagens da peça, seus conflitos, sua dor, seu dia a dia. Assim consiste o “O Assalto”, um espetáculo denso e dramático que almeja conquistar o público através de seu conteúdo consistente e polêmico, e de interpretações de qualidade.

Para quem quiser conhecer mais deste irreverente artista contemporâneo que além de todas as qualidades mencionadas, simpático e atencioso acesse seu blog:

 O endereço é http://diretormarroco.blogspot.com/

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